O retorno das chuvas pode provocar nova sangria na barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, em Assú, a maior do Estado. Essa seria a primeira vez desde sua construção que o açude transbordaria duas vezes no mesmo ano. A barragem construída há 28 anos, em 1983, sangrou a primeira vez em 1985, num dos maiores invernos do Nordeste, mas nunca se repetiu no mesmo ano de inverno. As precipitações fora de época são provocadas pelo fenômeno "Ondas de Leste", perturbação no campo da pressão atmosférica sobre o oceano atlântico, comum numa região que se estende da Zona da Mata, no RN, até o recôncavo baiano. Como neste ano a ocorrência está muito intensa devido à presença de outro fenômeno, o La Niña, as chuvas têm alcançado as regiões mais próximas do litoral, como a Oeste. Desde o final de semana, quatro açudes começaram a sangrar no RN. No domingo, o Gargalheiras, em Acari, e o Cruzeta, em Cruzeta, ambos no Seridó, a montante da Armando Ribeiro, começaram a lavar as paredes de contensão. Ontem pela manhã, foi a vez do açude Pataxó, em Ipanguaçu, a jusante. A lâmina d'água chegou a 10 centímetros, deixando a população em alerta.
O agente de engenharia do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), escritório de Assú, Geraldo Magela, disse que a água da Armando Ribeiro está na "cota 54-80", o que significa que faltam 20 centímetros para o seu transbordamento. Ainda assim, ele assegura que é preciso muita chuva para fazer o açude sangrar novamente. "As sangrias no Seridó, neste fluxo baixo, ainda não representam preocupação para o Vale", garante.
Se depender do tempo, não vai faltar chuva. A meteorologia prevê que a massa de ar frio que vem do oceano atlântico em direção ao litoral, trará chuvas pelo menos até agosto. No final de semana, o tempo ficou fechado em praticamente todo o Estado, chovendo nas principais cidades do interior. Em Natal, ruas ficaram inundadas e em pelo menos dois trechos o tráfego foi interrompido.
Ipanguaçu, um dos municípios que mais sofrem com as enchentes, começa a se preocupar. A Defesa Civil explica que o novo aumento no fluxo do Pataxó pode trazer novas inundações para o município que está no mesmo nível do rio. Ainda assim, o vice-presidente da Comissão, Joildo Lobato, disse que o grupo vai esperar o comportamento das águas até sexta-feira, 22, para tomar providências mais significantes. No sábado, depois de uma chuva 130 milímetros, o açude Apanha Peixe, na comunidade de mesmo nome, sangrou pela segunda vez neste ano. A estrada de acesso ficou inundada, dificultando a vida dos moradores.
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